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27.6.12

O cosmopolita

 

Ele não sabia onde estava. Não admitia, mas não se conformava. Andando calado de um lado para o outro do quarto vazio sentia arrepios constantes pela sensação indecifravel em seu peito.

Se perguntando com quem estava no dia anterior tentava de algum modo resolver o causo. Os flashes que vinham não ajudava. Tornava a angústia ainda maior diante de tudo. Era um respirar sem fim entre pensamentos atormentados. Olhando sem foco pra fora pois olhava pra dentro procurando algo. Nada! Nada se apresentava. Os passos eram automáticos e de um lado para o outro o corpo se movimentava incessante. De repente parou. Olhou em volta sem entender o quarto vazio. Parecia estranhamente que o problema estava ali. Aquele lugar não o facilitava raciocinar devidamente e justamente por isso deveria ser avaliado devidamente. Olhou para cada detalhe. Do piso ao teto. Impacientemente olhava grão por grão. Cada fresta tinha de ser analizada, contida no seu olhar minucioso e neurótico. Argumentava consigo com grunhidos inexpremíveis. Lambia os lábios ressequidos assutadoramente quando nada lhe ocorria pelo exame de um lugar ou de outro. Chegou a suar de agonia quando por fim pensou aonde tinha deixado suas malas. Ele como um homem livre que era não viveria sem. Poderia viver sem ninguém, mas nunca sem as malas. Foi quando o nervosismo aumentou. Não sabia se corria ou se gritava quando por fim escutou: senhor Amaro? Está tudo bem? Aquela voz fez tudo voltar pro lugar. Era sábado, sua primeira lembrança. Ele estava cansado da vida que sempre levou e isso fez ele desejar um lugar para pousar ou pelo menos tinha achado isso. Estabelecer um solo tinha se mostrado uma saída sensata!, por algum motivo… por algum tempo. Senhor Amaro? O que me diz? A mulher fala adentrando o ambiente: Irá ficar com o imóvel? Gostou dele?  Ao entrar ela avista o homem com as mãos na cabeça, agachado olhando para canto algum. Ela até se assusta quando ele responde com um sorriso na boca voltando-se para ela: não minha querida! Sou muito dado aos espaços abertos e desconhecidos. Tenho um descontentamento com os limites tão grande que só a possibilidade de fincar minhas raizes retirou o equilíbrio que a liberdade me traz. Sou filho do vento. Meu descanso ocorre no movimento das multiplicidades, no frenesi das megalopolis... sou homem que trafego além fronteira, não me acalento verdadeiramente com o claustro deste quarto. Sou dado às nações livres onde todos os seres caminham aliviados sem passaportes ou extratos por onde desejam ir, para onde levarem seus passos. Este quarto me sufoca. Arrasa minha altivez e condena-me à velhice ceca e mórbida. Prefiro uma cama velha e um quarto simples de um hotel de paragem, pra passar a noite e seguir viagem logo quando o dia raia no horizonte. Assim se retirou do lugar com um alívio merecido. Ela no entanto não entendeu nada daquele discurso. Na verdade não lhe importava os pormenores. Era escrava do sim e do não. Em suma para ela ele não tinha falado nada com nada. Fora somente mais um dia de venda perdido fechando a porta irritada.

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